Intervenção de Francisco Lopes, Candidato à Presidência da República, Palácio de Cristal, Porto, Comício

«O apoio e o voto na minha, na nossa candidatura é a oportunidade para a afirmação de exigência de mudança.»

Uma forte saudação a todos.

Que grandioso comício.

A vossa recepção a vossa alegria, o vosso entusiasmo dá força à nossa candidatura. Esta grande manifestação de apoio, esta enorme demonstração de confiança, este comício, é simultaneamente a afirmação de um compromisso de cada um e de todos, no empenho e na intervenção para a concretização dos nossos objectivos.

Que extraordinária forma de iniciar a campanha. A nossa candidatura, lançada há meses, percorreu todos os distritos do País, as regiões autónomas e contactou com as comunidades emigrantes no estrangeiro.

A nossa candidatura comprovou nestes meses que é um imperativo nacional, que é de facto a única alternativa que os trabalhadores e o povo português têm para afirmar, nestas eleições, a mudança indispensável ao País. Chegámos aqui com a confirmação inequívoca que a nossa candidatura representa de facto a alternativa que o povo e Portugal precisam.

Uma candidatura decidida pelo PCP, que lhe reforça o valor, cuja amplitude se alarga, que conta com o apoio do Partido Ecologista os Verdes, da associação Intervenção Democrática, de muitos cidadãos sem filiação partidária e de simpatizantes de outros partidos.

Camaradas e amigos

Portugal enfrenta hoje um dos períodos mais difíceis da sua história recente, resultado de um rumo de desastre, de abdicação da soberania nacional, de subordinação das decisões políticas aos interesses dos grupos económicos e financeiros.
A opção por políticas de direita levou à estagnação económica do país, à fragilização da produção nacional, ao brutal agravamento do desemprego.

As consequências estão à vista, ao mesmo tempo que as actividades produtivas têm um peso cada vez menor na estrutura da economia, cresce a pobreza e exclusão social, cavam-se mais fundo as assimetrias entre as regiões do país. O aparelho produtivo tem sido destruído, o país não tem produzido o que pode, não potencia a capacidade produtiva que tem.
É a manutenção de uma prática que contribui para um brutal agravamento das injustiças e desigualdades sociais e para uma cada vez maior dependência face ao estrangeiro.

O que nos mostrou o período de pré-campanha eleitoral?

Cavaco Silva apoiado pelo PSD e CDS, pelos grupos económicos e financeiros. Um dos maiores responsáveis e protagonistas da política de direita em Portugal. Exemplo da submissão do poder político ao poder económico. Fala de extremismo e radicalismo. Haverá maior radicalismo e extremismo do que a sua prática que conduz à liquidação de Portugal como nação soberana e independente, do que a sua acção na imposição de sacrifícios ao povo português, ao serviço dos interesses, da gestão fraudolenta e criminosa, das mordomias, dos lucros e do poder dos grupos económicos e financeiros? Não há.

O que ele representa, é a continuação ainda mais gravosa, das políticas que estão a levar o País à ruína.

Manuel Alegre, candidato do PS, apoiado pelo BE é co-responsável pela actual situação no país. O seu percurso político está o acordo com as medidas que conduziram o País ao afundamento. Do mercado único ao famigerado pacto dito de estabilidade os seus passos são os da política de direita. Hoje é o candidato do partido que está no governo a fazer uma política desastrosa e que continuadamente procura justificar. Não é alternativa é a continuidade.

Os outros candidatos, cada um à sua maneira, são igualmente responsáveis, com os apoios que deram e os compromissos que assumiram, pela difícil situação do País e são parte do seu agravamento.

Se dúvidas existissem, a posição que tomaram quanto ao Orçamento de Estado para 2011, clarificou o que verdadeiramente são.

Um a um deram o aval a este orçamento, Cavaco Silva apadrinhou-o, Defensor de Moura votou-o, Fernando Nobre disse que era o orçamento possível e Manuel Alegre considerou-o um mal menor. Por isso todos eles são responsáveis pelo que está a acontecer desde o primeiro dia do ano: a recessão económica, o aumento dos preços, os cortes nos apoios sociais, os cortes nos salários e congelamento das pensões, as injustiças sociais e os privilégios aos grupos financeiros.

A minha, a nossa candidatura tomou a posição necessária e corajosa, dizer não a este orçamento e a este rumo, a única forma de dizer sim a um rumo de desenvolvimento e justiça social para o povo e o País.
A minha, a nossa candidatura é a única candidatura que não tem responsabilidades ou quaisquer compromissos com as políticas que estão na causa da actual situação dos trabalhadores, do povo, do país. É a única candidatura que protagoniza uma ruptura com a destruição da produção nacional, a exploração dos trabalhadores, a abdicação nacional, as injustiças sociais. É a única que corporiza um projecto alternativo.
É a candidatura patriótica e de esquerda, a candidatura dos trabalhadores, a candidatura por um Portugal com futuro.

A minha, a nossa candidatura assume um compromisso claro quanto ao futuro: mudança e ruptura de política, afirmação de uma alternativa e de um novo rumo para o País.

Uma candidatura que se distingue de todas as outras também pelas suas propostas e projecto para Portugal.

Pela defesa da produção nacional, o reforço do aparelho produtivo, na indústria, na agricultura, nas pescas, com o papel público determinante nos sectores básicos e estratégicos e o estímulo às micro pequenas e médias empresas, como componente essencial para o desenvolvimento económico, para a criação de postos de trabalho.

Pela valorização do trabalho e dos trabalhadores, o aumento dos salários, a afirmação dos seus direitos, o combate à precariedade e ao desemprego.

Pela melhoria das condições de vida do povo.

Pela defesa dos serviços públicos, das funções sociais do Estado, na Saúde, na Educação e na Segurança Social.

Pelos direitos dos reformados e pensionistas e das pessoas portadoras de deficiência.

Pelos direitos e o futuro dos jovens, das novas gerações, pelos direitos das mulheres à igualdade na lei e na vida.

Esse é o compromisso desta candidatura, um compromisso com a ruptura e mudança que Portugal precisa, na afirmação dum projecto político patriótico e de esquerda, vinculado aos valores de Abril.

Neste período particularmente difícil que o povo Português atravessa, é isto que significa o juramento solene que o Presidente da República assume perante o país: “defender, cumprir e fazer cumprir a Constituição da República Portuguesa” e a concretização dos valores e projecto de Abril que ela continua a consagrar.

Camaradas e amigos

Aos trabalhadores e ao povo dirijo daqui um apelo à reflexão de todos e de cada um sobre o que estas eleições podem representar enquanto oportunidade de mudança. Uma oportunidade para optarem entre dois caminhos e dois projectos distintos: aquele que a minha candidatura representa – a perspectiva de uma nova política capaz de livrar o país e os portugueses das dificuldades que a política de sucessivos governos lhe tem imposto; ou a aceitação do rumo de injustiças e desigualdades que qualquer uma das outras candidaturas constitui.

Uma oportunidade para darem força e esperança a uma candidatura que confia no país, nos seus recursos e possibilidades; que afirma a valorização do trabalho, das remunerações e dos salários como um factor de dinamização económica e de dignificação das condições de vida; que apresenta a defesa e ampliação da produção nacional como elemento essencial para ampliar a riqueza nacional, promover o emprego, reduzir a nossa dependência externa.

Nesta candidatura e neste projecto não há lugar para o comprometimento com a política de direita, não se alberga nenhuma responsabilidade com o rumo de declínio e de acentuação de injustiças, não mora a mínima promiscuidade com a especulação e os interesses do capital. Esta candidatura é expressão de um projecto e vontade colectivas, da coerência, da determinação, da identificação com os interesses dos trabalhadores e do povo.
A verdadeira opção eleitoral, o verdadeiro confronto de perspectivas e objectivos colocados para o futuro do país é entre a nossa candidatura e os restantes candidatos.

A verdadeira opção eleitoral é entre a nossa candidatura que denunciou e combateu um Orçamento de Estado destinado a impor mais sacrifícios, mais dificuldades e mais pobreza; e os outros candidatos que o patrocinaram, toleraram ou justificaram em nome dos interesses dos mercados, da acumulação dos lucros, das inevitabilidades ou de um alegado mal menor que como hoje cada um pode sentir é um mal maior na vida dos que trabalham ou vivem das suas pensões.

A verdadeira opção é entre os que, como nós, alertaram e se opõem a uma integração europeia que a cada novo passo deixa o nosso país menos soberano e mais dependente e que erguem a afirmação dos interesses nacionais como condição de desenvolvimento e progresso social; e os que caucionaram o rumo de abdicação nacional, de desonrosa sujeição do país ao jogo de interesses das grandes potências europeias, de submissa aceitação do saque dos recursos nacionais que o grande capital, os chamados mercados financeiros, desencadearam.
A verdadeira opção é entre os que, como nós, erguem os valores da solidariedade e da dignidade humanas inseparáveis do direito ao emprego, de uma mais justa distribuição do rendimento, da valorização dos salários e das pensões de reforma pelos quais lutamos; e os que refugiados em discursos caritativos e encenada comiseração, exploram a pobreza que eles próprios promovem e instrumentalizam os sentimentos de solidariedade, iludindo as razões e responsabilidades pelo aumento sem fim do número de pobres.

Bem pode Cavaco Silva tentar embalar os portugueses em falsos apelos de combate à pobreza quando por baixo de cada golpe nos salários, quando por baixo de cada corte nas prestações sociais e nos abonos de família, quando por baixo de cada um dos aumentos de preços – lá está a marcar presença a estimulante assinatura do actual Presidente da República fazendo coro com Sócrates, PS e PSD no ataque aos rendimentos dos portugueses.
O que não falta na instrumentalização ruidosa da pobreza na intervenção de Cavaco Silva, sobra em silêncio, um silêncio de chumbo perante os privilégios fiscais concedidos ao capital, à recusa da tributação dos dividendos, à fuga da fixação de uma taxa de IRC aos bancos idêntica à que qualquer pequena empresa tem de suportar.

Já muito se disse sobre o BPN e sobre o BPP, já dissemos o que de relevante se coloca na necessidade de apuramento e nas lições para o futuro.

O apuramento de tudo, não apenas na gestão danosa e fraudulenta e de a quem esta serviu, mas também a responsabilidade das decisões políticas que envolvendo Governo PS, Cavaco Silva pela decisão que tomou como Presidente da República e de Manuel Alegre então deputado do PS, que trouxeram para o erário público a factura de milhares de milhões de euros deixando intocáveis activos que poderiam e deveriam ter sido chamados a responder aos prejuízos criados.

E é preciso retirar a lição de que estes e outros casos são inseparáveis de uma situação e de um processo de fusão do poder político e do poder económico que é essencial acabar.

Ruptura e mudança, confiança e esperança são exigências do tempo que vivemos.
Chegámos a este comício com força e determinação, saímos daqui hoje com redobrada energia, com a convicção que vamos avançar, que vamos fazer a diferença, que vamos fazer desta campanha eleitoral uma grande acção de esclarecimento, uma poderosa mobilização para o apoio e o voto na nossa candidatura para a concretização dos seus objectivos e contribuir para abrir um caminho novo, de desenvolvimento, justiça e progresso social.

Duas semanas de intenso esclarecimento, o arranque final para as eleições para Presidente da República de 23 Janeiro, de hoje a quinze dias, cuja importância cresce face à situação do País.

Só o povo português vai decidir sobre quem vai à segunda volta, sobre quem vai ser o Presidente da República.

Que cada um reflicta e decida em função da sua vida e do futuro do País e se assim fizer chegará à conclusão que o seu apoio e o seu voto deve ser dado à nossa candidatura.

A minha a nossa candidatura é alternativa para exercer as funções de Presidente da República.

A minha, a nossa candidatura é única que une todos os que estão contra a política de direita, injustiça social e desastre nacional.

O apoio e o voto na minha, na nossa candidatura é a oportunidade para todos os que são atingidos na sua vida e querem um futuro melhor, manifestarem o seu protesto e indignação.

O apoio e o voto na minha, na nossa candidatura é a oportunidade para a afirmação de exigência de mudança.

O apoio e o voto na minha, na nossa candidatura, é a oportunidade de livrar Portugal das políticas contrárias aos interesses nacionais patrocinadas pela União Europeia e o FMI.

O apoio e o voto na minha, na nossa candidatura, é a oportunidade de contribuir para libertar Portugal do domínio e do saque do capital financeiro europeu e mundial e dos interesses dos grupos económicos, dos seus accionistas, gestores e serventuários.

O apoio e o voto na minha, na nossa candidatura, é a oportunidade de contribuir para libertar a Constituição da República Portuguesa, de libertar o seus valores e projecto, para o desenvolvimento, a justiça e o progresso social, para a afirmação da democracia e da soberania nacionais.
O apoio e o voto na minha, na nossa candidatura, é a oportunidade de dar força e voz á confiança e esperança no futuro melhor a que os trabalhadores e o povo português têm direito.

Viva Portugal

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