Intervenção de Jerónimo de Sousa, Secretário-Geral do PCP, Palácio de Cristal, Porto, Comício

«Temos convicção que todos juntos saberemos dar a resposta que se impõe aos desafios que temos pela frente! »

Amigos e camaradas:

Iniciamos aqui, na cidade do Porto, com este nosso grande comício, uma nova fase da campanha eleitoral da candidatura de Francisco Lopes.

Permitam-me, amigos e camaradas, em primeiro lugar, que daqui saúde todos os homens, mulheres e jovens que por aqui, que por todo o Norte e por todo o país se têm vindo a envolver com dedicação e trabalho para assegurar o êxito da campanha e da candidatura de Francisco Lopes – a nossa candidatura – a candidatura dos que lutam pela afirmação de uma alternativa política e por um novo rumo para o país.

Olhando para este mar imenso de vontades e determinação, bem podemos afirmar que nesta imensa força se projecta um enorme incentivo para uma grande votação no dia 23 de Janeiro!

De uma candidatura que vem sempre em crescendo e se afirmou com uma candidatura dimensão nacional e, como aqui se vê, com uma presença e uma influência crescente no Norte do país que nos dá fundadas razões para confiar que seremos capazes de ultrapassar com êxito esta batalha tão importante na evolução da situação do país e na vida dos portugueses nos próximos anos.
A vossa presença, a vossa convicção, a vossa determinação e a vossa confiança é bem a expressão de uma candidatura que tem raízes fundas no país e no povo que somos.

A manifestação da força que nasce dos trabalhadores, das camadas populares do nosso povo, dos intelectuais e quadros técnicos, dos micro pequenos e médios empresários, agricultores e pescadores, dos jovens, das mulheres, de todos os que são vitimas da política de direita.

De todos os que, independentemente da sua condição social, querem justiça social, um Portugal desenvolvido, soberano e de progresso!

Temos duas semanas de campanha pela frente.

Duas semanas em que precisamos de dar tudo. Mobilizar todas as nossas energias, toda a nossa determinação para garantir uma grande votação na singular candidatura de Francisco Lopes – dessa candidatura que não se confunde com nenhuma das outras candidaturas por mais de esquerda que se apresentem.
Uma candidatura e um candidato que não vacila na defesa da plenitude do legado da Revolução de Abril, antes assume inteira e consequentemente os seus valores de democracia, liberdade, desenvolvimento, justiça social e independência nacional e o projecto constitucional que aspira à construção em Portugal de uma democracia simultaneamente política, económica, social e cultural.

Chegámos ao momento em que todos seremos poucos para promover e dar força a uma candidatura que se apresenta aos portugueses com os objectivos de contribuir para a derrota de Cavaco Silva e simultaneamente afirmar um rumo e um projecto alternativo para o país.

Na pré-campanha que ontem terminou tornou-se evidente no debate e no confronto com as restantes candidaturas a justeza e necessidade da candidatura de Francisco Lopes e do seu projecto para Portugal que nenhuma outra estava em condições de assumir e defender.

A única candidatura liberta de compromissos com as políticas de direita e profundamente solidária com as vítimas dessa política.

A candidatura da coerência no combate às injustiças e às desigualdades!

Francisco Lopes não chegou agora à luta contra a política de desastre nacional que PS, PSD e CDS têm vindo a concretizar para ruína do país, nem tão pouco esteve à espera de apresentar esta candidatura para dizer o que pensava sobre a situação de crise que vivemos e sobre as soluções para vencer as dificuldades que os trabalhadores e o nosso povo enfrentam.
Está na luta há muitos anos, com uma intensa actividade e com uma larga experiência política e, acima de tudo, com uma história pessoal de luta que o honra, inserida nos combates decisivos que colectivamente temos vindo a travar para a defesa dos interesses vitais do nosso povo e das suas condições de vida e de trabalho.

Uma candidatura que os portugueses têm razões para confiar!

Nesta derradeira etapa destas eleições, temos agora todos nós de alargar a cada terra, a cada rua, a sua campanha eleitoral. Esta não é apenas tarefa do candidato. É tarefa de todos nós, de todos os que estão empenhados em procurar os caminhos da mudança necessária para dar volta à situação de crise e declínio a que o país chegou.

Precisamos de levar mais longe e a todo lado os objectivos e as propostas da candidatura de Francisco Lopes, afirmando e dando uma dinâmica de massas à campanha eleitoral!

Precisamos de todos os que estão na luta pela mudança e contra a política de direita que se mobilizem para o voto! Precisamos que nenhum voto se perca!
Mas precisamos também de mobilizar os que estão desiludidos com o rumo do país para o voto na candidatura de Francisco Lopes.

Aos muitos milhares de homens e mulheres que votaram no passado nas forças políticas e nos candidatos que suportaram anos de governação à direita e que agora se encontram desiludidos com o rumo que o país levou, precisamos de lhes dizer: É tempo de mudar. É tempo de ultrapassar preconceitos. É tempo de dar com coragem um passo em frente, indo ao encontro da única candidatura que defende a efectiva ruptura com as políticas do passado.

Aos que parecem não acreditar depois de tanta promessa vã daqueles que há mais de três décadas governam o país e o conduziram à crise, é preciso dizer-lhes: Não desistam. As candidaturas, tal como os partidos não são todas iguais. Esta é uma candidatura singular e diferente de todas as outras. Não desistam, porque é possível mudar com o vosso voto e a luta de todos nós a nossa vida colectiva e abrir caminho à esperança numa vida melhor para todos os portugueses.

Esse é o grande desafio que temos pela frente nos próximos dias – ganhar os portugueses para o voto na candidatura de Francisco Lopes, na nossa candidatura.
Temos confiança que o povo vai querer e nós vamos trabalhar para disputar em igualdade de circunstâncias com qualquer outra candidatura a passagem à segunda volta, porque esta é uma candidatura de parte inteira!
Temos confiança que no próximo dia 23 de Janeiro, os portugueses não se deixarão iludir, nem impressionar pela bem urdida campanha mediática que dá como certa a vitória de Cavaco Silva na primeira volta, só pelo simples facto de assim ter acontecido com outras recandidaturas no passado. É preciso dizer que Cavaco Silva só ganha se tiver mais votos que a soma de todos os outros. E isso está muito longe de estar garantido pela tradição! Porque quem decide não são as considerações dos comentadores encartados ou as sondagens, mas o voto popular.

Neste combate que travamos e perante o descabido anúncio das vitórias antecipadas o que se impõe é não baixar a guarda e continuarmos um combate firme e decidido, esclarecendo o que está em jogo nestas eleições.

Precisamos de dizer claramente a cada um e a todos os que aspiram a um Portugal com futuro que cada voto na candidatura de Francisco Lopes é um voto que soma para derrotar Cavaco Silva e ao mesmo tempo afirmar uma exigência de mudança e de ruptura com as actuais políticas que de forma concertada José Sócrates e Passos Coelho e os seus partidos com o patrocínio de Cavaco Silva e o aplauso de toda a direita e dos grandes interesses económicos estão a impor ao país.

Um combate que só a candidatura de Francisco Lopes está em condições de travar pela sua coerência e trajecto e natureza do seu projecto!

A única capaz de confrontar Cavaco Silva com as suas responsabilidades pela situação que está criada no país. As responsabilidades de quem nos últimos cinco anos à frente da Presidência da República deu ânimo e avalizou a mais brutal ofensiva conduzida pelo governo do PS de José Sócrates contra os interesse populares e deu força a uma política de ruína do país e dos portugueses.

Desse candidato que agora se apresenta como se nada tivesse a ver com o caminho que o país seguiu de agravamento do desemprego e de degradação económica e social e do rasto de destruição da riqueza nacional.

Desse candidato que agora vem prometer uma “magistratura activa” para o futuro e assumir-se como o candidato dos pobres, dos desempregados, dos que viram os seus rendimentos reduzidos e dos que sofrem a exclusão social.

Diz que os problemas não se resolvem com retórica, mas o que são senão pura retórica, palavreado oco sem qualquer consequência, as promessas deste candidato em que em 2005 já então prometia salvar o país e não salvou, antes deu força às opções que conduziram o país à crise.
A mesma retórica que anunciava e prometia colocar Portugal no “pelotão da frente”, mas cujo saldo está hoje patente na profunda crise que o país atravessa.
Cavaco Silva não é garantia nenhuma de segurança e solidariedade para os que menos têm como proclama com a maior da desfaçatez, não o foi no passado, não o será no futuro. O futuro com Cavaco Silva será a continuação do agravamento de todos os problemas do país e do aprofundamento da crise, o prosseguimento do mesmo rumo de enfeudamento aos grandes interesses económicos e financeiros, dos que falam em nome do mercados que põem a ferro e fogo a economia e a vida dos portugueses.

Cavaco Silva nunca foi nem é o “salvador da pátria” que a propaganda do auto-elogio sem limites quer fazer crer.

Cavaco Silva apenas acrescenta arrogância à arrogância de José Sócrates!
A nossa história está cheia de salvadores da pátria que arruinaram o país e de gente competente, mas que colocaram a sua competência, não ao serviço do povo, mas ao serviço dos que à custa do povo fazem fortuna.
Desse candidato que nos convida à rendição face à ditadura dos mercados financeiros e dos especuladores! Que é incapaz de apresentar uma proposta e tornar pública uma orientação para conter a gula desenfreada dos especuladores e defender o país. Que apenas exige o silêncio dos portugueses que contestam o roubo perpetrado ao país com a especulação da dívida pública e do endividamento externo.

Com o apoio do Presidente da República continua a procurar resolver-se o problema da dívida privada – isto é a dívida dos Bancos e das grandes empresas ao estrangeiro – à custa da dívida pública que depois se vai reflectir nas contas do Estado e por último nos contribuintes.

É um escândalo!
O Estado português nacionaliza os prejuízos como se viu no caso do BPN, nacionaliza os riscos prolongando as garantias à Banca por mais 6 meses para depois privatizar os lucros! A Banca pode actuar com toda a irresponsabilidade pois sabe que o Estado não a deixa ir à falência e sabe também que pode correr todos os riscos pois estes estão avalizados pelo Estado. Para o sistema financeiro todas as benesses pagas pelo erário público ou através da Caixa Geral de Depósitos com as repercussões nos lucros devidos ao Estado e na necessidade de novos aumentos de capital social.
E o sistema financeiro em vez de ter um efectivo papel na dinamização da economia ainda se serve da psicologia da crise para dificultar o crédito, aumentar as comissões, as taxas de juro e os spreeds, continuando a dar a primazia às rendosas actividades especulativas.

Pode-se dizer que uma boa parte do país anda a trabalhar para a Banca e que uma boa parte do aumento dos impostos, redução dos salários e liquidação dos serviços públicos têm como causa primeira os apoios ao sistema financeiro e à especulação da Banca nacional e estrangeira designadamente da União Europeia.

O povo português não pode continuar a pagar a agiotagem que é praticada por estes senhores com a conivência também do governo português, do Banco de Portugal e Presidente da República que estão nas mãos do capital financeiro que cada vez mais domina o poder político.

Mas em matéria de conivência com a tal política é bom que se diga que não é apenas um atributo do actual candidato e Presidente.

Quem dá aval ao Orçamento de Estado anti-social e de ruína nacional para 2011 como fizeram Manuel Alegre, Nobre e Defensor de Moura, quem diz que ele é um mal menor, ou uma inevitabilidade é porque não tem uma política alternativa e uma solução para os verdadeiros problemas do país. Foi nessa posição que se colocaram todos os outros candidatos, à excepção de Francisco Lopes.

É por isso que a real bipolarização nestas eleições é entre os candidatos que apoiam a situação - as candidaturas de suporte à política de direita - e o único candidato que assume como questão central e decisiva a ruptura e a mudança com tais políticas – o candidato Francisco Lopes – o nosso candidato!

É por isso que não se pode perder nenhum voto dos que aspiram uma ruptura patriótica e de esquerda com as políticas que têm sido seguidas.
Quantos mais votos tiver a candidatura de Francisco Lopes, menos hipóteses tem Cavaco Silva de vencer.

É por isso que dizemos que os votos na sua candidatura para além de somarem para a derrota de Cavaco Silva, são também votos verdadeiramente úteis contra a política dominante de direita e de todos os candidatos que a suportam.
Votos que não se perdem em nenhuma circunstância, mas que se traduzirão sempre em alavancas para o desenvolvimento da luta futura por um Portugal mais justo e solidário.
Votos que são dados a uma candidatura e a um candidato que jamais se retirará do combate seja qual for o seu desfecho, mas que continuará a luta na defesa dos interesses e direitos dos trabalhadores e do povo.
Nós temos confiança no êxito e na concretização dos grande objectivos da nossa candidatura, no nosso candidato e na força, disponibilidade, mobilização e querer de todos os portugueses e de todos os democratas que estão nesta grande batalha na defesa dos valores de Abril e para que se abra uma nova fase da vida nacional.

Portugal pode e deve vencer apoiando esta nossa candidatura, a candidatura de Francisco Lopes, a candidatura dos que não aceitam o Portugal das desigualdades sociais e das injustiças. A única candidatura que no tempo que se segue ao dia 23 de Janeiro vai estar presente e solidário com a luta dos trabalhadores e do povo.

Daqui dizemos e apelamos aos trabalhadores, ao povo português que contamos com o seu apoio, daqui lhe garantimos que podem também contar com esta força de luta, que continua a manter bem a bandeira da esperança e da confiança por uma vida melhor para os portugueses!

Temos convicção que todos juntos saberemos dar a resposta que se impõe aos desafios que temos pela frente!

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